2019.02.19 - Folha de S.Paulo - Interview with Slash
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2019.02.19 - Folha de S.Paulo - Interview with Slash
- Original article in Portuguese:
Slash, rockstar excêntrico, afirma que rock perdeu terreno, mas não está morto
Guitarrista virá ao Brasil em maio para oito shows com os Conspirators
Thiago Ney
Ele pode estar em muitos lugares, mas o seu nome sempre sobressai. Não importa se no Guns N' Roses, nos extintos Velvet Revolver e Snakepit ou no atual Myles Kennedy and the Conspirators —Slash é quase sempre maior do que a soma de todas as outras partes de uma banda.
O guitarrista de 53 anos que ficou conhecido por ter criado riffs históricos no Guns N' Roses no final dos anos 1980 ("Paradise City", "You Could Be Mine", "Sweet Child O' Mine", "November Rain", para ficar nas mais famosas) retorna ao Brasil em maio e junho para shows em oito cidades.
Ele virá com o grupo Slash featuring Myles Kennedy and the Conspirators. Já é um dos projetos mais longevos do artista. Lançaram o primeiro disco em 2012; há pouco, saiu o terceiro, "Living the Dream".
"Bandas diferentes ou grupos de pessoas diferentes são muito distintos entre si. Não há similaridades", afirma o guitarrista ao ser questionado a respeito das peculiaridades das bandas por que já passou. "As personalidades são diferentes, o jeito de tocar é diferente e, mesmo que tudo seja rock 'n' roll e grupos de cinco pessoas, são coisas únicas."
O terceiro disco de Slash e os Conspirators foi gravado no início de 2018. "Estávamos em uma folga entre as pernas da turnê e fizemos a pré-produção e a produção do álbum." A turnê em questão era "Not in this Lifetime", gigantesca série de shows que marcou o reencontro de três integrantes da mais célebre formação do Guns N' Roses: Axl Rose, Duff McKagan e Slash. Eles não pisavam juntos no mesmo palco desde 1993.
A série de shows teve início em abril de 2016 e se estendeu até dezembro do ano passado. Passou pelo Brasil por duas vezes (em novembro de 2016 e em setembro de 2017). Slash não quis fazer comentários relacionados ao Guns N' Roses, mas já soltou em entrevistas que a banda tem músicas novas e que pode lançar um disco em breve —de acordo com a relação do Guns N' Roses com o tempo, esse "breve" pode significar desde julho de 2019 até dezembro de 2030.
"Eu faço o que me vem naturalmente, mas, ao mesmo tempo, aspectos diferentes do meu trabalho funcionam de maneiras diferentes nas bandas. É difícil explicar. Eu componho e vejo se funciona. Se não funcionar, escrevo algo diferente", diz o guitarrista sobre o processo de composição.
"E talvez o que não funcionou para um funcione para o outro. Então você meio que vai se adaptando em relação a eles."
Pode ser Guns, pode ser Velvet Revolver, pode ser Conspirators: algo que não muda quando ouvimos uma banda de Slash é um certo espírito californiano de rock, ensolarado, tradicionalista.
"Nunca pensei nisso, mas é possível. Quase todos os discos que fiz foram gravados na Califórnia, mas não sei se isso se aplica a todos eles."
Além do talento claro como guitarrista, Slash é uma figura que personifica o rockstar que tem um estilo de vida excêntrico e perigoso. É fascinado por cobras, anda sempre com uma cartola preta, não tira retratos sem estar segurando uma garrafa de Jack Daniels. No palco, adora tocar sem camisa e com um cigarro na boca. É quase como se perguntássemos: o que é rock and roll? Uma das respostas possíveis seria: Slash.
Por ser quem é, ele não fica muito feliz quando fala do atual momento do rock, que tem perdido cada vez mais público para gêneros como rap, funk e R&B.
"Acho que o rock definitivamente não está mais no comando em termos de viabilidade comercial. E isso já está acontecendo há algum tempo", afirma o guitarrista. "Mas as coisas são o que são. Sempre haverá mudanças na indústria da música. Mas o rock não está morto de jeito nenhum."
Pode ser uma questão geracional? Será que os mais jovens simplesmente perderam o interesse pelo rock?
"De alguma maneira, pode ser, sim. Mas estou percebendo que há muitos garotos pegando guitarras e que estão loucos para aprender a tocar rock and roll, mais até do que se via antigamente. E me parece que estão fazendo isso pelas razões certas. Então, acho que está chegando aí uma nova geração. Vamos ver o que acontece."
Slash é um daqueles músicos que aparentam estar em uma interminável turnê, sempre tocando em diversas partes do mundo. O que ouve, vê e lê quando tem algum tempo livre?
"Bem, ouço algumas coisas de passagem, as pessoas me presenteiam com discos, eu ouço rádio, tenho contato com músicas novas aqui e ali", conta. "Tento ficar a par do que está rolando."
"Já com o cinema é mais difícil. Gosto de filmes de horror, e o último a que assisti e gostei foi 'Hereditário'. 'Um Lugar Silencioso' é bom; o remake de 'It' foi ótimo. Tem uma leva legal de novas séries na Netflix e na Amazon Prime", diz.
"Estou lendo um livro ótimo sobre o festival de Altamont [realizado em 1969 na Califórnia com bandas como Rolling Stones e Jefferson Airplane e que terminou com uma mulher assassinada a facadas e outras três mortes], que me deram recentemente. Não me lembro do nome do autor. E tem também um outro livro sobre a máfia russa."
RIFFS FANTÁSTICOS DO ROCK SEGUNDO SLASH
‘Black Dog’, do Led Zeppelin
‘Back in the Saddle’ do Aerosmith
‘Walk This Way’ do Aerosmith
‘Hello There’ do Cheap Trick
‘Rock Bottom’ do UFO
‘Um do mais recente disco do Dave Grohl, mas não consigo me lembrar do nome da música’
Auto-translation:
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Slash, eccentric rockstar, claims that rock has lost ground, but is not dead
The guitarist is coming to Brazil in May for eight shows with the Conspirators
By Thiago Ney
He may be in many places, but his name always stands out. It doesn't matter if it's Guns N' Roses, the extinct Velvet Revolver and Snakepit or the current Myles Kennedy and the Conspirators —Slash is almost always greater than the sum of all the other parts of a band.
The 53-year-old guitarist who became known for creating historic riffs in Guns N' Roses in the late 1980s ("Paradise City", "You Could Be Mine", "Sweet Child O' Mine", "November Rain", for stay in the most famous) returns to Brazil in May and June for shows in eight cities.
He will come with the group Slash featuring Myles Kennedy and the Conspirators. It is already one of the artist's longest-running projects. They released their first album in 2012; recently, the third one, "Living the Dream", came out.
"Different bands or groups of different people are very different from each other. There are no similarities", says the guitarist when asked about the peculiarities of the bands he has been in. "The personalities are different, the way they play is different, and even though it's all rock 'n' roll and groups of five, they're unique things."
Slash and the Conspirators' third album was recorded in early 2018. "We were on a break between tour legs and did pre-production and production for the album." The tour in question was "Not in this Lifetime", a gigantic series of shows that marked the reunion of three members of the most famous Guns N' Roses lineup: Axl Rose, Duff McKagan and Slash. They hadn't stepped on the same stage together since 1993.
The series of shows began in April 2016 and ran until December last year. He passed through Brazil twice (in November 2016 and September 2017). Slash declined to make comments related to Guns N' Roses, but he has already said in interviews that the band has new songs and may release an album soon — according to Guns N' Roses' relationship with time, this "soon" could mean from July 2019 to December 2030.
"I do what comes naturally to me, but at the same time, different aspects of my work work in different ways in bands. It's hard to explain. I compose and see if it works. If it doesn't, I write something different," says the guitarist about the composition process.
"And maybe what didn't work for one might work for the other. So you kind of adapt in relation to them."
It could be Guns, it could be Velvet Revolver, it could be Conspirators: something that doesn't change when we listen to a Slash band is a certain California rock, sunny, traditionalist spirit.
"I never thought about it, but it's possible. Almost every record I've made has been recorded in California, but I don't know if that applies to all of them."
In addition to his clear talent as a guitarist, Slash is a figure who personifies the rockstar who has an eccentric and dangerous lifestyle. He is fascinated by snakes, always wears a black top hat, and doesn't take portraits without holding a bottle of Jack Daniels. On stage, he loves to play shirtless and with a cigarette in his mouth. It's almost as if we were asking: what is rock and roll? One of the possible answers would be: Slash.
Because of who he is, he's not very happy when he talks about the current moment in rock, which has increasingly lost its audience to genres like rap, funk and R&B.
"I think rock is definitely no longer in control in terms of commercial viability. And this has been happening for some time," says the guitarist. "But things are what they are. There will always be changes in the music industry. But rock is not dead by any means."
Could it be a generational issue? Have younger people simply lost interest in rock?
"In some ways, yes. But I'm realizing that there are a lot of kids picking up guitars and that they're dying to learn how to play rock and roll, even more than I used to see. And it seems to me that they're doing it for the right reasons. So, I think a new generation is coming. Let's see what happens."
Slash is one of those musicians who seem to be on an endless tour, always playing in different parts of the world. What do you listen to, see and read when you have some free time?
"Well, I hear some things in passing, people give me albums as gifts, I listen to the radio, I come across new music here and there", he says. “I try to stay up to date with what’s going on.”
"With cinema, it's more difficult. I like horror films, and the last one I watched and liked was 'Hereditary'. 'A Quiet Place' is good; the remake of 'It' was great. There's a cool batch of new series on Netflix and Amazon Prime", he says.
"I'm reading a great book about the Altamont festival [held in 1969 in California with bands like the Rolling Stones and Jefferson Airplane and which ended with a woman stabbed to death and three other deaths], which was recently given to me. I don't remember the name by the author. And there is also another book about the Russian mafia."
GREAT ROCK RIFFS ACCORDING TO SLASH
‘Black Dog’, by Led Zeppelin
‘Back in the Saddle’ by Aerosmith
‘Walk This Way’ by Aerosmith
‘Hello There’ by Cheap Trick
‘Rock Bottom’ by UFO
'One of Dave Grohl's latest album, but I can't remember the name of the song'
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